sexta-feira, 13 de julho de 2007

CEMITÉRIO PARA CÃES E GATOS

CEMITÉRIO PARA CÃES E GATOS

Na década de 40, onde hoje está o Parque Ibirapuéra, a área era um grande Eucalipital.
Começava logo após a rua Tutoia, e se alongava até a av. Santo Amaro, que na época chamava-se Estrada de Santo Amaro. Essa área era imensa. sem qualquer edificação.. Onde hoje esta a sede do Segundo Exercito era a sede o grupo de cavalaria do CPOR. Não existiam o Conjunto Desportivo, o Clube Militar, Assembleia Legislativa, O lago, enfim nem uma benfeitoria. Essa Grande Área era cortada por uma única pista simples que seguia em direção ao "Campo de Aviação de Congonhas". No lado esquerdo dessa pista, onde hoje está o Viveiro Manequinho Lopes, existia o "Cemitério de Cães e Gatos". Lá eram enterrados os cães e gatos de estimação. Havia túmulos de granito inclusive com esculturas de cães e ou fotos dos animais lá enterrados.
Esse local foi desativado,quando começou a ser construído o atual Parque, que foi inaugurado em 1954 em Comemoração ao Quarto Centenário da Cidade de São Paulo.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

MEU BAIRRO - MINHA RUA

"MEU BAIRRO MINHA RUA -
OUTROS DETALHES DA PROVÍNCIA "
Tempo Cronológico - Década de 40/50 - Bairro Paraíso -
Rua Carlos Steinen - travessa da Rua Abílio Soares.
Coleta de Lixo - O lixo era recolhido por carroções puxados por
quatro burros. Esses carroções faziam o recolhimento a noite. Eram
colocados, pelos moradores latões com o lixo, nas portas das casas.
Os coletores despejavam o conteúdo no carroção e deixavam os
latões, nas portas. As ruas eram pavimentadas com paralelepípedos
(macadames). Os Carroções de Lixo, tinham rodas de carroça, ou
seja, eram de madeira com um arco de metal em sua volta. Os
burros tinham ferraduras. Ainda tenho na memória, o ruído
característico que provocavam esses carroções, quando
as suas rodas e as ferraduras dos burros, batiam no pavimento
de macadame das ruas.
Padeiros e Leiteiros- O pão de cada dia, era entregue pelos
padeiros, que faziam a entrega, de madrugada de porta em porta.
As suas Carroças tipo "trolei". Deixavam os pães, na quantidade
anteriormente combinada, nas portas, janelas ou caixas apropriadas.
É incrível, mas não roubavam. Quer dizer, os garotos as vezes
aprontavam fazendo uma, digamos "apropriação indébita " e não
posso jurar que não fiz parte dessa traquinagem. No final de cada
mês, o padeiro que nos atendia, vinha mais tarde, pois vinha receber
a conta do mês. Nesse dia, as crianças de cada família (eu fazia parte
desse grupo) ficavam todas ouriçadas pois, ao receber a conta do mês
o padeiro distribuía pães doces de graça. O mesmo procedimento era
feito pelos entregadores de Leite. O leite era embalado em litros de
vidro de formato típico.
Tripeiros - Passavam diariamente, também em suas carroças
'Trólei" vendiam miúdos de boi - fígado - coração - tripa e afins.
Cabriteira - Diariamente, passava a cabriteira, que oferecia leite
de cabra tirado na hora. Era uma senhora portuguesa,vestida
totalmente de preto, inclusive o lenço na cabeça. Tinha na mão,
uma especie de cajado, onde se apoiava e controlava as cabras.
As cabras, cerca de 10 a 15, tinham sinos presos nos seus
pescoços, fato que provocava um barulho característico
que anunciava a sua chegada.
Mascate - Semanalmente, passava o 'mascate" normalmente um
emigrante árabe, e trazia toda a variedade de armarinhos,
oferecendo-os de porta em porta. Vale deixar registrados que muitos
desses emigrantes,com seu esforço e tenacidade, deram origem a
vários impérios textís de hoje.
Outros Vendedores - Passavam vendedores de frangos e ovos,
verduras e frutas com seus balaios cilíndricos e típicos. Havia o
homem do Realejo, que vendia a sorte, tirada por um periquito,
e tocava o realejo. Passava o "dilim-dilim" que vendia biju.
GELADEIRAS
As geladeiras da época, não eram elétricas ((refrigeradores)
eram mesmo Geladeiras. Com formato parecido com os atuais
refrigeradores, eram de madeira e forradas de chapas de zinco.
Na parte superior, onde hoje situa-se o freeser, havia um espaço
onde eram colocadas as grandes pedras de gelo. Essas pedras
duravam aproximadamente 24 horas e conservavam os alimentos
gelados. As pedras de gelo eram entregues diariamente por caminhões
apropriados. Esse serviço de venda e entrega de gelo era realizado
pela Companhia Antartica. Os refrigeradores apareceram em 38/39.
As marcas eram GE - Leonard - Frigideire.

SÃO PAULO SEM MONUMENTOS

" SÃO PAULO SEM MONUMENTOS"

Na década de 30, tendo São Paulo "Perdido a Revolução Constitucionalista ", como humilhação o Governo da Ditadura de Getúlio Vargas mandou, através de seu interventor Adhemar de Barros , retirar todos os Monumentos e Bustos de Paulistas Ilustres que existiam nas Praças e Logradouros de São Paulo. Todos foram recolhidos aos depósitos da Prefeitura, e só permaneceram nos locais suas Bases e Pedestais, até as Placas de Bronze foram retiradas. Na época ainda não existia o famoso monumento do Ibirapuera, aos Bandeirantes, hoje com o apelido "Deixa que eu Puxo". O único Monumento que restou foi o da Independência do Brasil, no Ipiranga, por ser referente ao Brasil e não somente a São Paulo.
Nossos jornais passaram a ser Censurados, nossa Bandeira Paulista (a querida de 13 listras) foi queimada em praça Pública, somente para humilhar os Paulistas, e proibida de ser exibida. Ainda os agricultores Paulistas foram proibidos de plantar cana de açúcar, e as safras de Café, eram parcialmente queimadas, sem qualquer indenização aos fazendeiros proprietários. Eu fico impressionado, é incrível ,mas fatos de nossa história, ficam somente em versões. Enquanto os contemporâneos como eu, ainda vivos lembrarem de deixar registrados estes fatos, ficará a esperança que nossos filhos e netos, passarão esses depoimentos a seus descendentes e interessados na nossa verdadeira história.
Ainda bem que Paulistas Ilustres, passada essa fase, reinstalaram todos nossos monumentos, restaurando e enaltecendo nossa dignidade. Ao lerem esta passagem histórica, os jovens de hoje
poderão ficar surpresos e acharem o procedimento absurdo, mas era assim mesmo. Há outros exemplos de perseguição também em outros estados como o Rio Grande do Sul. Bahia e Pernambuco. Mas os relatos só registram as versões. Houve naquela época um Departamento Federal denominado DIP Departamento de Imprensa e Propaganda , que prendia e sumia com os opositores de Getúlio Vargas. Pois é isso, as atrocidades de que hoje se fala, praticadas pela última ditadura militar, não foi novidade, mas repetição.. Ainda, pouco se comenta sobre o suicídio de Getúlio Vargas, que quando se viu acuado e precionado a renunciar, face aos escândalos que afloravam por todos os lados sobre corrupção no seu governo, optou por se matar... E ainda escreveu, antes do tiro fatal "A meus inimigos deixo o legado de minha morte"
Provavelmente imaginou uma revolta popular - mas nada disso aconteceu. Pois é isso, repedindo: Tudo que hoje vemos e lemos sobre nossos políticos, não é novidade é REPETECO.
OURO PARA O BEM DE SÃO PAULO
Durante a revolução constitucionalista foi lançado pelos paulistas a campanha "OURO PARA O BEM DE SÃO PAULO", quando os residentes em São Paulo foram convocados a doarem seus objetos de ouro ou preciosos para fimanciar a fabricação de armas e subsidiar a compra de suprimentos aos combatentes. Quem fizesse a doação de alianças, recebia em substituição uma aliança de ferro. Lembro-me que meus avós e parentes usavam essa aliança de ferro.

terça-feira, 3 de julho de 2007

PREFEITO " GRAVATA BORBOLETA"

PREFEITO "GRAVATA BORBOLETA"

Na década de 60, São Paulo teve um Prefeito cujo nome era Vladimir de Toledo Piza,
cuja característica pessoal era usar gravata borboleta. Visando perpetuar sua passagem pela Prefeitura, mandou construir, na Praça da Bandeira, um lago artificial em formato de uma enorme Gravata Borboleta. A bucólica Praça da Bandeira, daquela época, tinha chafarís para animais de tração (muares) tomarem água, um grande lago gravata borboleta, e o Teatro de Alumínio (Teatro de vedetes). Esse teatro foi construído por Adhemar de Barros , que também, foi Prefeito (nomeado) de São Paulo e posteriormente Governador eleito. Anteriormente, na década de 30 foi interventor no Estado de São Paulo, nomeado pelo então ditador Getúlio Vargas, pois nosso Estado estava sob intervenção federal em consequência de havermos perdido a batalha na Revolução constitucionalista. Adhemar de Barros acabou sendo cassado pelo Castelo Branco através do AI-5.
Ainda, a Praça da Bandeira era o ponto final das linhas de Bondes - Jardim Europa e Jardim Paulistano . Tinha dois famosos hotéis - top da época - o Hotel São Paulo e o Hotel Grão Pará. Não existiam - a Avenida 23 de Maio -O famoso Edifico Joelma e o Prédio da Câmara de Vereadores. Hoje, a antiga Praça da Bandeira, é somente um feio terminal de Ónibus. Até o Grande Mastro com nossa Linda Bandeira Paulista, simplesmente sumiu......
Adendo: finalmente em fevereiro de 2008 a Prefeitura reinstalou o famoso mastro e nele hasteou a Bandeira Brasileira com cerca de 200 metros quadrados

ORGANIZAÇÃO SHINDÔ-REMEI

ÉPOCA : SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
DÉCADA 40 - ANO 1943
ORGANIZAÇÃO TERRORISTA SHINDÔ REMEI
Na década de 40, em plena Segunda Grande Guerra Mundial, São Paulo tinha ao redor de 880 mil habitantes.Era uma cidade provinciana, a segunda do Brasil, em população, sendo a Cidade do Rio de Janeiro a primeira, com um milhão de habitantes, e na época era Distrito Federal e
a Capital República. Nosso País participava também dessa guerra, pois teve vários de seus navios atingidos por torpedos e afundados. Em função disso declarou guerra ao eixo formado
por (Alemanha-Itália-Japão). Os principais países "Aliados" contra o "eixo" foram França, Inglaterra, União Soviética, na Europa. Paralelamente os EE.UU. Canadá, Brasil, Austrália e outros, também entraram nesse conflito. O fato de estarmos em guerra, tornou São Paulo ainda mais provinciana ruas vazias (racionamento de combustíveis). Havia falta de tudo. Forte racionamento e muito mercado negro. Para comprar certos alimentos, eram distribuidos a cada família, vales-compra específicos, limitando as quantidades pelo número de membros . Eu na época, tinha pouco mais de 10 anos. Morava no Bairro do Paraiso Na casa vizinha, do lado direito, morava uma família de japoneses. Certa noite do mês de Junho, por volta das 22 horas, eu estava nos jardins da casa, de olhos nos céus, na esperança de ver algum balão caindo,e, ir atrás dele. Naquela época não era proibido soltar balões. Subitamente chegaram 4 carros de Polícia, sendo um para levar presos. Desceram cerca de 10 policiais, cercaram e invadiram a casa dos japoneses. Prenderam cerca de 20 japoneses. Eles foram saindo em fila indiana, todos algemados, e foram colocados no carro de presos. Fiquei apreciando todo esse aparato, junto ao portão de minha casa. Aproximou-se de mim, um policial, e me perguntou. O que você está fazendo fora de casa as 10 horas da noite? - Disse-lhe que estava esperando os balões caírem, para ir atrás. Aproveitei a oportunidade e perguntei ao policial, o que estava acontecendo na casa do vizinho. Ele primeiramente me disse para que eu não saísse na rua naquele momento pois poderia ser perigoso. Em seguida me explicou: Os moradores da casa, haviam dado parte na polícia, informando que estavam sendo obrigados, por um grupo de patrícios fanáticos e espiões, a deixar que instalassem na casa um Rádio Transmissor. Eles pretendiam com isso, fazer contato com navios japoneses que passassem pelo litoral de Santos. Tratava-se de um grupo de fanáticos chamado de SHINDÔ-REMEI, e que estavam sendo presos e levados dali. Quando entrei de volta para dentro de casa, narrei o ocorrido, e, meus familiares não acreditaram. Somente, no dia seguinte, quando a notícia saiu nos jornais è que confirmaram o que eu havia contado.

SERVIÇO PRÉ-MILITAR

SERVIÇO PRÉ-MILITAR
Tempo Histórico - Segunda Guerra mundial
Tempo Cronológico - Década de 40 ano 1943

Em 1943, eu tinha 12 anos, cursava a segunda Série, do curso Ginasial, no Colégio do Carmo, que pertencia a Congregação dos Irmãos Maristas. Esse colégio estava localizado na Rua do Carmo, que é a primeira travessa da Av. Rangel Pestana. O Colégio não existe mais, foi demolido, só ficou a Igreja. A paisagem do local era totalmente diferente. A Praça Clovis Bevilaqua, onde começa a av. Rangel Pestana, não tinha o tamanho e formato atual, era bem menor e separada da Praça da Sé por um quarteirão. Já existia no local o Quartel do Corpo de Bombeiros.
Na Segunda Série do Curso Ginasial, estudávamos, entre outras matérias, Inglês, Francês, Latim e Espanhol. Tínhamos ainda aulas de Religião e Educação Física. As aulas de Educação Física eram obrigatórias e recebíamos notas. Estando o Brasil em Guerra, o governo instituiu o " Serviço Pré Militar", que substituindo as aulas de Educação Física, passaria a ser ministrado a todos os jovens do sexo masculino, com idade entre 11 e 15 anos, que estivessem cursando o Ginasial. Com isso passamos a ter aulas ministradas por Oficiais do Exército (oriundos do CPOR) que nos ensinavam, além de Educação Física, Armamento, Defesa, e Sobrevivência. Nossos exercícios eram feitos na baixada que existia logo após a Igreja, e se alongava até o Rio Tamanduateí. Todo esse espaço era uma grande várzea, e chamava-se Várzea do Carmo. Hoje a Várzea Do Carmo é outra e fica no Rio Tietê. É irónico, mas nessa grande área não eram permitidas edificações, pois todos os anos, alagavam na época das chuvas. Hoje temos enchentes, e, acusamos todo o mundo, nos esquecendo que nós é que invadimos o espaço que pertencia ao rio. Voltando ao Serviço Pré-Militar ele teve a duração de um ano os momentos culminantes desse curso foram: Desfile no dia 7 de Setembro, que ocorreu na Avenida São João, e no fim do ano recebemos em solenidade, realizada no Pátio da Escola, nosso Certificado do Serviço Pré-Militar. Disso tudo resultou que a guerra acabou em 1945 e, todo os jovens da época, que receberam esse Certificado, por ocasião do tradicional Alistamento Militar Obrigatório, eram dispensados, recebendo automaticamente o Certificado de Terceira Categoria, que equivalia ao que era entregue aos que faziam o antigo Tiro de Guerra. Hoje, fazendo esta narrativa, foi para mim muito agradável, pois fui revivendo momentos do passado, como se lá ainda estivesse.