terça-feira, 7 de agosto de 2007

GASOGÊNIO

























NA ERA DO GASOGÊNIO
Tempo Histórico - Segunda Guerra Mundial Tempo Cronológico -
Fim da decada de 39 inicio de 40.
Durante a Segunda Guerra Mundial, nosso País, tendo participado
desse conflito passou por uma série de dificuldades. Entre outras,
foi a falta de combustíveis. Na época o Brasil importava todos os
combustíveis. O governo não teve outra alternativa, e, implantou
e racionamento e controle de sua venda e uso. Com essa medida
somente os veículos de transporte coletivo, fretes e prioridades
especiais, como ambulâncias, e bombeiros é que podiam comprar
combustíveis. Com isso todos os veículos de uso particular, como
automóveis, motos, barcos etc. foram literalmente para os
cavaletes. Esses veículos foram colocados sobre suportes de
madeira, enfim não podiam mais ser usados. Como não podia deixar
de ser, acabou surgindo uma alternativa para substituir a gasolina,
no acionamento desses veículos. Passou-se a usar o gás gerado
com a queima do carvão (tanto o de origem vegetal como o
de origem mineral). O aparato era chamado de GASOGÊNIO.
Tratava-se de um sistema onde havia uma fornalha para a
combustão do carvão. O gás gerado passava por um tubulão vertical
em formato de serpentina e, daí levado para o carburador do veículo.
O carburador também sofria uma adaptação para receber e explodir
o gás, acionando os pistões. Todo esse conjunto era instalado na parte
traseira do veículo, junto ao para-choques. O aspecto era grotesco,
dado o primitivismo da tecnologia aplicada,mas os veículos
rodavam, embora bastante lentos. Meu avô, Nicola Sansone, era
proprietário de uma metalúrgica e fabricava, entre outros produtos,
toda a linha de metais sanitários e aquecedores a gás para agua de
banheiros. Este último produto sofreu um encalhe em consequência
do racionamento do gás de hulha, que também era importado.
O espírito empreendedor de meu avô, o levou também a fabricar
"GASOGÊNIOS". A marca era NISAN (hoje lembra marca de
automóvel), que vinha da junção do nome dele, onde NI era de
Nicola e SAN de Sansone.Essa iniciativa, na época o livrou de
uma possível quebra, pois a linha de aquecedores caiu quase
a zero. Atualmente, reclama-se que uma viagem ao litoral, nos
feriados, chega a demorar de 4 a 6 horas. Na época., para ir
para Santos, pela Estrada do Mar, demorava esse mesmo tempo,
e não havia congestionamento...Parava-se varias vezes,
durante a viagem, para abastecer a fornalha com carvão.
Havia até pontos de venda de carvão, ao longo da estrada. Eram
os postos de Abastecimento da época. Mesmo com toda a dificuldade
que na época a população foi obrigada a suportar, deixa em mim,
ao rememorar esses momentos, uma alegre nostalgia.

Na foto, um Ónibus equipado com Gasogênio.
OUTROS FATOS HISTÓRICOS
Em 1940 o governo, através de decreto, confiscou todos os bens
de Italianos, Alemães e Japoneses. Em decreto complementar
permitiu que as Metalúrgicas, Industrias e Estabelecimentos
Comerciais desses estrangeiros, quando houvessem descendentes
brasileiros, estes poderiam gerir esses bens, porém não poderiam
vendê-los. Meu avô, sofreu com esse golpe moral e faleceu
prematuramente aos 54 anos, em 11 de Fevereiro de 1941.